quinta-feira, 17 de julho de 2008

Listas.

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Normalmente não curto listas que tentam identificar os melhores entre a música, literatura ou cinema. Isso porque elas tendem a ser polêmicas, o que é chato e não leva a lugar algum. Porém, ao tentar diagnosticar quais são as minhas canções favoritas dos Fab Four, um exercício proposto pelo Sr. Ourique, pude tirar um saldo positivo de algo que me recuso a fazer desde sempre. Depois de eleger as melhores canções dos Beatles fiquei pensando: existe uma lista mais difícil de ser feita do que a dos Beatles?

Conclui que analisar o que Stanley Kubrick fez no cinema é equivalente a analisar o que os caras de Liverpool fizeram na música. E porque isso? Certamente não é pelos sucessos produzidos em série, e sim pelo perfeccionismo dos filmes dirigidos por ele. Pra mim a grande dificuldade não está em escolher os filmes, mas em dispor eles na ordem de preferência. Deixo claro que embora não tenha assistido toda a filmografia do diretor, conheço boa parte dela. Sendo assim, segue a lista dos três primeiros colocados, com uma breve explicação:

3. O Iluminado (1980)











Em todos filmes de Stanley Kubrick existe uma lacuna exigindo que o espectador a preencha. Ele propõe novas interpretações e enxerga que uma obra só está completa depois disso. Dessa forma, é lamentável que um escritor como o Stephen King não aprove o olhar do diretor sobre o seu livro. Não é somente as múltiplas intepretações que diferenciam O Iluminado de um filme de terror e suspense comum. Destacam-se a montagem lenta, que remete a monotonia vivida pelos personagens. As locações enormes, sendo preenchidas por apenas uma, duas ou três pessoas. A trilha sonora que varia ao extremo. A atuação de Jack Nicholson, que está em sua melhor fase. Tudo isso faz o filme ser um grande clássico que ocupa a terceira posição da lista.

2. Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar a Bomba (1964)














Peter Sellers atuando em um filme de Stanley Kubrick. Esta frase poderia justificar a escolha, mas não paro por aí. A maneira cômica como a bola da vez, a bomba-atômica, foi abordada faz deste filme uma obra-prima. Sellers interpreta três loucos responsáveis pela segurança de seu país. O engraçado é que as metáforas utilizadas por Kubrick na época continuam valendo para os dias de hoje. É fácil identificar semelhanças entre os políticos que habitam a war room com os que governam nosso país. Torço para que o final do filme não se repita conosco.

1. 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)











Nenhum filme instiga tanto. Com pouco mais de 30 minutos de diálogo e 160 minutos de imagens, 2001 é aula de cinema. Avalio de maneira diferente. Não é um filme pra ser visto a qualquer hora, requer um momento especial, até porque depois de assisti-lo, é impossível parar de pensar a respeito de cada detalhe e seus significados.

3 comentários:

Guilherme Becker disse...

Tá, ok, concordo. Todos ótimos. Confesso que, retardado que sou, demorei a "pescar" o lance do quadro no final d'O Iluminado (é Kubrick, estou perdoado). Só discordo do lance ali da "melhor fase" do Jack. Uncle Nicholson nunca saiu de sua melhor fase, acho. Ele vive uma eterna ótima fase.

Leo Garcia disse...

Boa lista, mas é foda deixar Laranja Mecânica de fora. Eu ao mesmo tempo que odeio, amo listas.

Vinícius da Cunha disse...

Guilherme: Sei não, ainda curto mais a fase Estranho no Ninho e Chinatown.

Leo: Também odeio listas, não sei porque resolvi fazer uma.