sexta-feira, 11 de julho de 2008

Muito além do skate.

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FGF Fotos

Transfer é uma mostra de cultura urbana que acontece até o final de setembro no Santander Cultural. Depois da visita de sábado, conversei com Lucas Ribeiro o Pexão um dos curadores da exposição. Em um papo pelo Messenger, ele conta as dificuldades de realizar um projeto como esse.

Quem são os responsáveis e quando surgiu a idéia de organizar Transfer?


A curadoria geral é minha, em conjunto com os curadores para eixos específicos da mostra. Com o Fabio Zimbres e o Alexandre Cruz, no eixo Mauditos, e o Christian Strike, no Beautiful Losers.
A idéia vem do trabalho com a galeria Adesivo, que tenho em sociedade com a amiga Ise Strottmann, mas ampliando bastante o conceito de arte urbana e tentando mostrar as complexidades e sutilezas desse universo.

Qual é a parte mais difícil na produção de uma mostra como essa?

A parte mais complicada foi juntar objetos que nunca foram reunidos, como obras e artefatos atuais, dos anos 80 e 90 ― shapes de skate, zines ― e lidar com um monte de artistas malucos.
Muitos não gostam um do outro, principalmente os que tem raiz no graffiti tradicional e que possuem um lado bem competitivo.

Tu concorda que Transfer está levando um público diferente ao Santander Cultural? Se sim, como é ser o responsável por isso?

Está sendo uma mostra bem popular. Acho que as pessoas se relacionam de uma maneira bem direta com o tipo de arte que estamos mostrando. Há uma aceitação, porque a estética está na rua, e existe curiosidade geral. Também tem muito a ver com design gráfico e com ilustração. É bem diferente do que se costuma ver em boa parte dos espaços de arte, onde predomina arte conceitual. Aqui temos arte figurativa, desenho, personagens…

Como tu imagina que os freqüentadores assíduos do museu reajam? Tu já teve algum retorno desse pessoal?

O público freqüentador é, principalmente, quem anda pelo centro e as escolas. Todos os dias vão ônibus e mais ônibus de crianças e adolescents. Isso é bem massa do Santander Cultural. O retorno é a melhor parte, tanto dos estudantes e de artistas consagrados, quanto de, sei lá, do prefeito.

Voltando a primeira questão, onde tu falou dos shapes oitentistas, vi muitas pessoas babando por eles, quem correu atrás desses objetos?

Este foi o principal motivo de eu chamar o Alexandre Cruz, o Sésper ― ou Farofa, como é conhecido no rock. Foi ele quem resgatou o trampo do Billy Argel, o cara que fez quase tudo que há de melhor na parte gráfica do skate brasileiro nos anos 80.

Por falar em Brasil, no teu ponto de vista, o que diferencia a cultura skate produzida nos EUA da brasileira hoje em dia?

Um contexto diferente. Nos EUA a maioria das marcas, mesmo as gigantes, tem donos skatistas. No Brasil ainda não é assim e isso se reflete na parte gráfica do skate. Mas nunca estivemos tão próximos dos EUA, e nunca, no Brasil, se deu tanto valor ao skate como cultura. Tanto que uma revista como a Vista Skateboard Art, onde trabalho, é viável.

Ao comparar os trabalhos dos americanos com o dos brasileiros, senti que a falta de recursos financeiros faz com que os artistas de nosso país se obriguem a criar uma forma diferente de se expressar. Tu acredita que isso agrega uma brasilidade às obras?

Sim, o material é uma das principais características da arte urbana brasileira, seja pelo látex ou pelo rolinho de espuma. A cultura popular nacional também influencia bastante. Por outro lado, vários artistas de Transfer poderíam ser de qualquer outro país de cultura ocidental, de grandes cidades.

Transfer possui alguns espaços onde existem obras escondidas. Ao refletir, cheguei a conclusão que isto força o espectador a buscar mensagens em lugares inesperados. Como surgiu essa idéia? Foi dos artistas ou dos curadores?

Me lembro do painel do Tinho, a idéia foi dele. No conceito geral, estamos mostrando uma produção que, dos zines aos muros, é acessível a todos, mas a maioria das pessoas não percebe ou nem sabe que existe.

Elas precisam buscar…

É, acho que Transfer está mudando a percepção das pessoas nesse sentido.

O que tu diria pra alguém com mais de 20 anos, que viu a exposição e ficou com vontade de subir em um skate pela primeira vez?

Olha, eu me divirto tanto andando de skate, andando mal! Só embalar pela rua já acho animal. Claro que recomendo! Tem tanta revista e vídeo legal pra se empolgar. Vídeos instrucionais como o Show Me The Way, lançado pela revista Transworld, ou o que a Matriz, de Porto Alegre, fez. Subir e descer calçadas de skate já faz o esforço valer a pena, mas claro, dá pra ir muito além.

TRANSFER
Local: Santander Cultural, Rua Sete de Setembro, 1028
Data: Até 28 de setembro de 2008
Horário: Segunda à sexta-feira das 10h00 às 19h00. Sábados, domingos e feriados das 11h00 às 19h00
Entrada franca

* Agradeço ao amigo, jornalista, compositor e advogado Marcelo Collar pela revisão.

5 comentários:

Anônimo disse...

esse final de semana vou pegar a vassoura e voar pra lá.

e lá vamos nós!

ta se puxando nas escrituras

Anônimo disse...

é nóis!!

Vinícius da Cunha disse...

Chico: A exposição tá demais, é de emocionar até quem nunca andou de skate.

Anônimo disse...

tri massa!

Billy Argel disse...

valeu pexão! vc é um heroi.